(Ana Carla Azevedo: aluna de Letras-UERN)
Eu vou contar eu vou contar
Se você quiser ouvir, faz favor de escutar
Pra início de conversa
Vamos nos apresentar
Eu me chamo Ana Carla
Alcione pra juntar
Josenildo e Moisés
Pro trabalho apresentar
Ainda tem por derradeiro
O Francisco e a Vitória
Completando o nosso grupo
Que lhes conta uma história
Mas primeiro nos permitam
Relembrar a trajetória
Filosofia da linguagem
É matéria arretada
É confusa, tem mistério
Não me deixa sossegada
Com William, o Coelho
A festa ta arranjada
Meu senhor, minha senhora
Não me venham enganar
Eu sei que faz três dias
Que não param de pensar
Sem comer e sem dormir
Com o trabalho a preocupar
Que já já vai terminar
Encerramos a matéria
Esse tal filosofar
E pra num perder a rima
O Frege vai começar:
Esse menino é um vate
De mão cheia e coração
Ele pensa a palavra
Com sentido em comunhão
Com um valor de verdade
Em sua denotação
O sentido é social
O conceito predicativo
Quem denota diz um fato
Não tem nada de inventivo
Quem procura a verdade
É porque ainda tá vivo.
Esse outro é um mestre
De verdade ele entende
Representa nosso mundo
Vai a fundo e não mente
É o Wittgenstein
Que completa o precedente
Já me diga seu doutor
Aonde vai sua linguagem
É real ou é estado
De coisa sem ter passagem
Ou é a totalidade
De um rio sem a margem?
O que penso tem a lógica
De uma proposição
Forma interna mais externa
Torna válida a ação
Assim como um fato existe
Com sua denotação
O Filósofo questiona
O poeta é sonhador
Mas me diga sem demora
Como é que pode Seu doutor?
O que a linguagem exprime
Não expressa minha dor.
Esse mesmo seu menino
Causa uma reviravolta
Aquilo que não se fala
Não deve causar revolta
A linguagem é um espelho
Tem uma ida e uma volta
Cada um tem seu falar
Com significação
A letra só tem sentido
Quando toma a ação
Já começo a entender
A partir da descrição
Joga quem joga o jogo
Ganhador ou perdedor
O grande intelectual
Tem que ser bom jogador
Ter a ingenuidade
Para ser o vencedor
Esse jovem de agora
Que por certo eu vou mostrar
E seus atos de falar
E um tal de locutório
Que me faz enunciar
Nem toda a sentença
É correto ajuizar
Positiva ou negativa
Era só pra declarar
Mas o ato é plural
Pra dimensionalizar
Se eu contar,vou ordenar
Avisar e criticar
Esse tal ilocutório
É difícil de mandar
Mas convido a vocês
Sem ter de ameaçar
Sem ter de ameaçar
Esse povo ou nação
Faço o convencimento
Sem precisar ler a mão
Perlocutando o alocutário
Usando persuasão
Que também vou discorrer
É de mesmo nome John
E de mesmo proceder
Os atos de locução
Searle pôde perceber
Classificou e dividiu
Tudo aquilo que enuncia
Assertivo, diretivo
Expressivo, já sabia
Declara e compromete
O que o homem já fazia
Porque tudo o que digo
Trás também uma intenção
Trás a força marcadora
Que diz que a situação
Do mundo em que eu vivo
É fonte de inspiração
O discurso é singular
Reconhece o falante
Se é falso, se é verdade
Se inútil, ou importante
Eu sou mesmo performante
Como Heidegger dizia
Sobre o ser-situação
A linguagem realiza
O humano na ação
É a sua epifania
Sua manifestação
A palavra é o que sustenta
O ser na evolução
O falar original
É de grande relação
E a linguagem derivada
É de grande comunhão
Eu percebo e respondo
Isso é existencial
Toda fala anunciada
É resposta para tal
E a minha servidão
Me liberta afinal
Se você tiver cansado
Agüente mais um instante
Para gente finalizar
Habermas vem adiante
Explicando a pragmática
Universalizante
Já pensou nesse porém?
Aquilo que abarca tudo
Que todo mundo tem
E também o que é comum
Que vai sempre mais além
A teoria da ação
Comunica o pretexto
Cada falante é ativo
Dentro do próprio contexto
A sentença realiza
E se transforma num texto
Só consigo entender
O parceiro de conversa
Quando chega a um consenso
Do causo e da promessa
Do nível dos objetos
Sem nenhum ter muita pressa
Se concebe verdadeiro
Quando assim o predicado
Se aplica ao objeto
Ora antes indicado
E o tema do real
Lhe dá o certificado
O conceito de razão
Antes tão enclausurado
Pelo termo científico
De uso determinado
Transcende seu valor
Agora transformado
E pra fechar esse discurso
Fonte de multiplicação
Digo que o ponto x
Da nossa apresentação
Não é a linguagem em si
Mas sua utilização.
Som da Linguagem
Por vezes reaprendo
o som inesquecível da linguagem
Há muito desligadas
formam frases instáveis as palavras
Aos excessos do céu cede o silêncio
as constelações caem vitimadas
pelo eco da fala
Gastão Cruz, in "Campânula
Um comentário:
Ficou muito bom!!! Parabéns a autora pelo brilhante trabalho. Abraços Ângela R Gurgel
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