Seja bem-vinda toda pessoa de bem! Pois, pessoas inteligentes discutem ideias; pessoas educadas mal falam de coisas; pessoas medíocres é que falam mal das pessoas. Agradeço pela visita e apreciarei seu comentário!
Segundo Aílton Medeiros, Danuza Leão diz: “Viajar ficou banal e a pergunta é: o que se pode fazer de diferente, original, para deslumbrar os amigos e mostrar que se é um ser raro, com imaginação e criatividade, diferente do resto da humanidade?” Certamente, “imaginação e criatividade” é o que nunca teve quem se incomoda por que outros agora podem desfrutar do que ele(a) podia há tempos; contudo, sem jamais descobrir como fazer algo novo, “diferente, original”. Afinal, ela não fazia por si mesma, mas apenas “para deslumbrar os amigos”… ‘amigos’ que não podiam gozar do que ela podia… senão nem se deslumbrariam. A pergunta é: seu gozo era pelas viagens ou pelo deslumbre de poder sobre os “amigos”? E ela é amiga desses ditos ‘amigos’? Ademais, como saber que o livro é “mesmo bom” sem o ler? - como conclui a "Maria Antonieta de Ipanema". Será que até suas leituras, tal como as viagens, eram apenas cópias do que “os mais ricos” faziam? Que pena! Seu poder era ilusório, restrito a sua ínfima visão pequeno-burguesa, repleta de preconceitos e de interesses particulares, que tão bem caracteriza a mentalidade estúpida da direita política brasileira.
Desejo ver você desejando meu desejo timoneiro Olhando-o pegando-o e alimentando-o lábio a lábio à embocadura E em seu mel saboreando-me pura a penetrar no seu desejo tal como abunda bela sua vontade de saciar nosso prazer em beijos de corpo inteiro!
Gosto do termo "acerca" em títulos sobre determinados assuntos! É que sua homofonia provoca a pensar sobre a cerca, os limites, os empecilhos a respeito dos quais se dá o problema a ser discutido. Pois bem! Então, o que nos cerca nessa situação da greve da UERN?
Homenagem à juíza que demonstrou independência e senso de justiça
Parece que todos já sabem que esta nova paralisação das atividades na UERN, desde 02 de maio último, configura-se numa continuação da greve anterior, decorrida por 106 dias desde 31 de maio de 2011. Embora, a princípio, eu hesitasse quanto a radicalizar este movimento, convenci-me de sua necessidade ao compreender que se a greve anterior foi considerada legal, pela Justiça, e foi interrompida graças ao acordo entre o governo do RN e as categorias trabalhadoras representadas pela ADUERN e pelo SINTAUERN, o descumprimento do acordo, por parte do governo, simplesmente nos obrigava a retornar à greve. E, felizmente, parece que foi esse também o entendimento da juíza Sulamita.
Como bem disse Saulo, o representante do Diretório Central dos Estudantes da UERN, antes os alunos não queriam a greve, pois sabem que são eles os maiores prejudicados. Por isso participaram ativamente em todas as assembleias dos professores e nas negociações com o governo. Contudo, ao término da última reunião, além de não apresentar qualquer proposta para evitar a paralisação o governo foi flagrado no twitter propagando que os alunos estavam contra os professores. Na audiência pública na Assembleia Legislativa Saulo denunciou tal flagra de má fé e reafirmou que os estudantes não queriam a greve, mas apoiavam os professores, uma vez que o governo não se dispôs sequer a negociar qualquer ponto das pautas como, por exemplo, o descontingenciamento da verba da Universidade para a dignidade do trabalho e do estudo universitários.
Saulo, representante do DCE da UERN
Curiosamente, o procurador do Estado, Miguel Josino, disse em seu discurso na Assembleia que o seu "papel é técnico", pois que "entende a legalidade da greve" e a "justiça do pleito dos Servidores" e que uma "decisão judicial é para ser cumprida". Ora, a legalidade da greve ele parece reconhecer apenas "tecnicamente" pelo seu papel de Procurador, em mera obediência positivista à decisão judicial. Então, por que entrou com recurso em instância judicial superior? Ora, porque a governadora mandou. E para que tal recurso, senão para postergar o fim da greve, uma vez que o técnico judiciário "entende a legalidade da greve e a justiça do pleito dos Servidores"?! Da suposta verdade do seu discurso infere-se que ele impetrou o recurso tão somente por ordem da sua governadora, o que o torna apenas um testa-de-ferro do governo do demo! Pois, quanto à justiça do pleito dos Servidores? O que ele entende por justiça, se não lhe houver uma ordem superior determinando? Imaginem se fosse ele, ou alguém como ele, o juiz a julgar o caso! O que haveria de justiça a se esperar de um escravo do poder? - como diria Aristóteles! O secretário Albert, da Administração (fechada) do governo, valeu-se apenas em falar de ter recebido os Professores e conversado com o Reitor da UERN. Contudo, a pseudo proposta que ele defenderia nem constava no documento distribuído entre a comissão, como bem observou o Professor Flaubert, presidente da ADUERN. Ele, então, estarreceu a plateia ao reconhecer que fora aluno da UERN, demonstrando não ter qualquer zelo ou respeito pela entidade onde se formou em direito. Será que ele fez direito? Paradoxalmente, seria ele discípulo ou mestre do seu antecessor, professor Anselmo? O que pensarmos dessa formação que gerou tais secretários? O que pensarmos desse governo sustentado por tais assessores?
Prof. Flaubert, Presidente da ADUERN
Ao cumprir o seu papel de mediador, para que o palco e o programa televisado não ficassem apenas em propaganda política e discursos vazios, o deputado Fernando Mineiro exigiu que alguma proposta concreta decorresse daquela audiência. Foi então que a posição do governo se evidenciou graças à proposta do Professor Neto Vale que, praticamente, clamou ao secretário receber-nos em comissão numa audiência na segunda-feira seguinte (25/06). Além disso, o Professor Gilton acrescentou ao clamor, quase que desesperadamente, uma concessão de ideia, como quem dá dinheiro ao seu devedor para este lhe pagar o que lhe deve, sugerindo parcelar a parcela já devida desde abril e postergada desde setembro de 2011. O secretário, entretanto, não atendeu à solicitação, apesar de o deputado Mineiro observar que qualquer proposta precisa ser aprovada como Lei, na Assembleia; a qual entra em recesso na próxima quinta-feira (28/06), só retornando em agosto. Ora, o que se depreende disso tudo? Por que apesar de todas as tentativas de negociação, de mobilização política dos Professores, Técnico-administrativos e Estudantes, da derrota no judiciário e até da mediação do Legislativo, por que a governadora Rosalba (do demo) não se dispôs a negociar? O que mais nos resta senão os Estudantes assumirem a frente do processo acionando o Ministério Público para punir o governo pela "violação ao direito constitucional à educação" deles que são os maiores prejudicados nesse impasse? Afinal, foi esse o argumento do governo para pedir a ilegalidade da greve. E se ela é legal, então quem viola tal direito é o próprio governo.
Estudantes em Defesa da UERN na Assembleia Legislativa do RN
Além disso, os Estudantes tem pauta própria de reivindicação, como bem observou o seu representante. Talvez tal processo não seja muito conveniente ao movimento político dos Sindicatos, mas, certamente mostraria a força do movimento estudantil, abrindo precedente, como jurisprudência para lutas futuras contra desgovernos sobre a nossa Educação. Enfim, se nenhuma solução decorrer dessa intermediação do deputado Mineiro junto ao governo, pela "justiça do pleito dos Servidores", a consequência é a estúpida demonstração de incompetência dos nossos representantes no governo e no Legislativo; uma vez que tudo está documentado em áudio e vídeo, televisado pela própria TV Assembleia e assistido e regravado por milhares de eleitores espectadores de um longo debate sobre a importância da Educação superior em nossa sociedade norte-riograndense. Em suma, eis a cerca que nos prende à greve: o descaso com a nossa Educação.
Ontem (21/05/2012) o Supremo Tribunal Federal julgou improcedente a ação do Partido
do Demo contra as cotas raciais. Nem vale a pena rebater argumentos ou fomentar
qualquer discussão, pois, afinal, já está decidido.
Entretanto, embora tardiamente, algumas discussões acaloradas me
fizeram pensar sobre o que me pareceu o ponto comum, para não dizer o consenso, entre os debatedores: “todos sabem que é paliativo”. Então, por que consertar
um erro com outro? Além disso, todos concordam que há um “mal entendido” como
ponto de partida. Mas qual é ele?
Sinceramente, duvido que essa compreensão do STF se desse em
outra situação política e econômica do Brasil. Graças a isso, desde o governo
Lula (o dito “presidente analfabeto”) tem-se, de certo modo, dado vez e voz aos
socialmente injustiçados, como alguns trabalhadores, negros e mulheres em
altos cargos do poder público.
Costumo dizer que o comportamento do povo se espelha no dos seus
governantes, enquanto o destes se pauta pela sociedade organizada. Daí a
necessidade de que eles sejam moralmente exemplares, desde a escolha dos seus
assessores e gestores das repartições públicas, haja vista serem estes o elo
entre os governantes e o povo. Pois, a partir do modo como eles trabalham é que
vai funcionar o serviço público. Se os primeiros não visam ao público, os
funcionários farão o mesmo.
O grande exemplo disso me foi dado quando José Agripino (PFL/Demo)
foi governador do Rio Grande do Norte: quão ridículo ou constrangedor era
precisar resolver algo numa repartição pública como o Detran: ninguém queria
lhe atender sem um intermediário, a quem se pagava para chegar até o
funcionário. Com a mudança de governo, entrar no Detran tornou-se algo até
prazeroso, numa sensação de alívio semelhante a ligar o rádio na quarta-feira
de cinzas e não ter que ouvir mais nada de carnaval.
Embora haja críticas morais ao governo Lula, pois, como diz o
Professor Edmílson Lopes Jr. [1], é o único aspecto sobre o qual a nova oposição
consegue apontar, evidentemente por que não conseguiu fazer melhor enquanto
esteve no poder, apesar disso somente sob forte glaucoma preconceituoso se pode negar que o Brasil
melhorou na última década, inclusive e principalmente, no panorama internacional.
E junto com os últimos governos cresceu também a força política dos movimentos
sociais de base, que há tempos reclamava por inclusão social dos discriminados
por classe, gênero, idade, sexualidade,deficiência física, raça etc. Graças a essa
voz é que entrou na vez da inclusão social a cota racial para as vagas de
estudo nas universidades públicas brasileiras. Contudo, todos admitem que é
apenas um paliativo, visto que o correto seria investir no fortalecimento do
ensino básico nas escolas públicas.
Ora, se "todos sabem que é paliativo", vale lembrar
ovelhodeitado: "um erro não conserta o outro"; pois, em vez de fazer
justiça àqueles ditos de raça que não entraram na universidade pública, comete-se
injustiça contra tantos sem raça que nem podem participar da cota nem foram
causadores dessa dívida social.
Como dizia o Presidente, nunca antes na história desse país foram criadas tantas universidades como no seu governo; então, por que não
se colocou nelas o critério racial, em vez de reduzir as vagas existentes? Isso certamente
tornaria menos amargo o paliativo. Além disso, vale ponderar sobre as
consequências: que atitude pode decorrer do sentimento gerado naqueles estudantes
que perderam a vaga para quem demonstrou menos conhecimento que eles, se este
deveria ser o principal critério, junto com o paliativo socioeconômico (cota de escola
pública)? Que valor os excluídos da cota podem reconhecer na educação, nos
esforços de seus estudos? Se o critério racial tivesse sido aplicado
exclusivamente nas vagas das novas instituições e dos novos cursos, certamente
nenhum candidato se sentiria injustiçado pela nova regra, uma vez que as vagas
não estariam sendo reduzidas, mas apenas inovadas.
Em que consiste, então, o “mal entendido”? Parece-me que ele decorre
do avanço da força dos movimentos sociais ao conquistarem, com justiça, a
reserva de cotas para deficientes no mercado de trabalho. Como a Universidade
prepara para o mercado, fez-se uma confusão entre conhecimento e trabalho, ao
se pretender ampliar a inclusão social no âmbito do conhecimento, como se o
critério fosse o mesmo.
Todavia, a cor da pele tem nada a ver com capacidade mental, nem
mesmo com injustiça educacional no Brasil, uma vez que muitos ditos de raça, felizmente, sequer estudaram em escola pública. Ora, observe-se que, grosso modo, se de 40 vagas
reservam-se 10 para cota racial e 15 para escola pública, retiram-se 5 vagas
dos sem raça de escola particular e 5 vagas dos sem raça de escola pública. Àqueles,
talvez o prejuízo pareça maiorno bolso dos pais que, além dos 11 anos de escola
paga ainda terão que pagar cursinho. Mas não se pode esquecer o drama
psicológico de um adolescente que não conseguiu retribuir aos pais no tempo devido o
investimento em sua educação, nem pode buscar emprego porque não foi preparado
para isso até então e ainda se sente injustiçado pelas regras.
Contra os sem raça da escola pública, contudo,
a injustiça pesa duplamente: por que nunca puderam estudar em boas escolas; e ainda
por terem nascido sem raça para participar da cota racial em
vista de um melhor conhecimento para o mercado de trabalho. Além disso, tais indivíduos,
geralmente, já tem seu tempo de estudo tomado pelo de trabalho.
Vale ainda considerar que a enorme demanda por vaga universitária nos grandes centros urbanos tem feito migrar muitos estudantes de ótimo nível para ocupar as vagas nos menores centros. Agora imagine que os incompetentes governos locais decidem reservar vagas em cotas para seus concidadãos, restringindo as vagas em detrimento dos estudantes imigrantes; quais as consequências sociais para o nosso Brasil continental e regionalizado?
Ora, uma vez que no tocante às cotas raciais tudo já está decidido pelo STF, resta-nos tão
somente observar: qual o prazo desse paliativo? 10 anos? 20? Uma geração? Pois,
para quem está na Universidade qualquer tempo é muito pouco. Mas para quem está
querendo entrar, um ano já é muito tempo sob a sensação de injustiça de ser
preterido apesar dos seus esforços e de não ser o causador da dívida social
histórica da classe dominante desse país. [1:http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI5317834-EI17080,00-A+pergunta+do+Giannotti.html]
Como disse o filósofo medieval, Agostinho de Hipona, nós falamos para ensinar. E mesmo numa pergunta estamos ensinando ao outro o que não sabemos. Eis a lição agostiniana da linguagem.
Macaco Pensador contemplando a lua
Disso penso que se nada consigo ensinar com minhas palavras, então prefiro calar-me, seguindo o preceito wittgensteiniano. Afinal, por que desperdiçar minha energia se eu posso aprender observando, em vez de ensinar falando? O pressuposto ainda é a crença de que o outro possa aprender com o meu silêncio, sem desgaste, desde que o silêncio se torne um desafio para o outro, como princípio aristotélico da educação. Pois, que prazer estúpido é falar do que sei a quem nem entende o que digo? Talvez nem ouça o que falo...
Mas, o que ele aprenderia, para além das palavras? Só saberei pelo seu discurso ou pela sua mudança de comportamento. E que mérito teria o meu silêncio na sua aprendizagem, se o esforço foi dele em superar o desafio? Dialeticamente, o mérito é proporcional à capacidade dele em apreender a relação entre minhas palavras e meu silêncio. E parece-me que só sua própria sabedoria seria capaz de valorizar.
Isso me lembra quando fui a um caixa-rápido dentro de um supermercado e estranhei a disposição da fila. A máquina fica ao lado do banheiro da loja. E as duas pessoas da fila seguiam a tendência, que é posicionar-se atrás de quem está sendo atendido. Isso me parece um erro, em serviço bancário, pois provoca a desconfiança sobre a curiosidade de quem está atrás do usuário em atendimento.
Além disso, observei que com o crescimento da fila os próximos clientes entrariam no banheiro ou ficariam à sua porta, constrangendo os que necessitassem passar por ela. Então, apenas conferi com o último da fila se ele estava para utilizar aquele caixa e me posicionei do lado oposto, de frente para eles e ao lado da máquina, de modo que não tinha acesso à tela nem ao teclado. Mas avisei que eu estava na fila, para testemunharem que o próximo cliente a chegar deveria prosseguir a fila a partir de mim, na direção contrária ao banheiro.
Fila
Interessante é que logo chegou um rapaz e, como é comum, dirigiu-se para trás dos outros. Mas o seu antecedente lhe fez um gesto apontando pra mim, sem falar. Ele, então, perguntou-me, curioso: você está na fila? Eu lhe respondi que sim e justifiquei: ...é que se ficarmos aí, os próximos terão que entrar no banheiro ou constranger quem for entrar. Ao que ele concordou e me seguiu.
Mais interessante é que ele não se conteve e, já configurando a nova fila, anunciou: "Gostei! Acho que ninguém tinha pensado nisso ainda." E eu acrescentei: ...nessa posição não incomodamos ninguém, pois nem há perigo de curiarmos a tela nem o teclado enquanto outro está sendo atendido.
E ele reforçou entusiasmado: "Valeu! Você pensa por si e pelos outros." Ao que lhe respondi: alguém tem que fazer isso. E completei: Valeu! Você pensa e sabe reconhecer o que é o melhor para si e para os outros.
Há alguns dias eu estava passeando de bicicleta e fui calibrar-lhe os pneus na borracharia de um posto de combustível. Com um "bom dia!" habitual cumprimentei o borracheiro e os clientes. Perguntei, então, se eu poderia usar aquele equipamento, mas o borracheiro não me respondeu. Apenas pegou-o para calibrar os pneus de um carro de uma motorista. Ao terminar, ele me entregou a mangueira do calibrador e foi terminar outro serviço em outro carro.
Enquanto eu fazia o meu serviço eu o ouvia dizendo para outros dois clientes: "há duas coisas que as pessoas falam e que não servem pra nada: 'deus lhe pague!' e 'obrigado!' O que é isso?". Vi no questionamento oportunidade para uma boa reflexão filosófica. Mas, pela situação, presumi que o falante estava a reclamar da motorista, que nem saiu do carro e talvez só lhe tenha dito "obrigada" ou "deus lhe pague". Ele ainda descartou o "deus lhe pague", alegando que só receberia em outra vida na qual, aparentemente, ele não acreditava; então, em que isso lhe agraciaria?!
O cliente a quem ele ora atendia apenas escutava. Mas alguém que ora prestava serviço ao posto, retrucou: "É uma questão de educação dizer 'obrigado'. Mas se você não tem educação... o que se pode fazer?!".
Eu já pensava em lhe perguntar se ele quereria saber realmente o que significa "obrigado". Mas quando ele respondeu "Educação?! Educação não paga serviço, não"; eu logo percebi que ele nem poderia querer saber, pois, pelo seu discurso, a sua sabedoria se limitavaa coisas concretas. Ora, se nem por medo, próprio do senso comum, ele apreendera a ideia de um pagamento divino, como apreenderia a ideia de um "obrigado" ou de "educação"?
Daí eu o compreendi como exemplar de um aspecto mítico da racionalidade, em cuja linguagem as palavras só tem sentido se elas não apenas se referem, mas denotam, de fato, algo concreto como, por exemplo, "dinheiro". Por isso, para ele, "educação" não faz o menor sentido. Tanto é que ele acrescentou, dirigindo-se ao dono do posto: "Então, não paga a ele, não; diz apenas 'obrigado' e pronto".
Eu já havia terminado o meu serviço e estava, então, montado na bicicleta pensando sobre como eu poderia lhe dizer que seu raciocínio correspondia à mentalidade primitiva, pela qual se promoviam sacrifícios de vida animal ou humana, para render graças aos deuses, em agradecimento por alguma graça alcançada, como uma boa colheita ou como a vitória numa guerra, por exemplo.
Mas, valeria a pena dizer-lhe que "obrigado(a)" significa agradecido(a)? E que estar agradecido significa dar graça ou agraciar? E que dar graça ou agraciar é, de fato, fazer algo em reconhecimento ao serviço prestado, ou seja, à graça recebida? Afinal, nesses termos, eu tinha que concordar com o raciocínio dele em esperar não apenas um "obrigado", mas, sim, um dinheiro ou algo em troca do seu serviço. E, daí, como lhe explicar que há centenas de anos a racionalidade mudou, juntamente com as relações sociais cuja modernidade apenas endeusou a concretude do dinheiro?
Sob a imediatidade da questão e do meu passeio, logo decidi apenas sorrir-lhes e silenciar-me, saindo sem lhe agradecer pela lição nem me desculpar pelo uso do ar comprimido, evitando assim que ele me cobrasse duplamente.
Para além das minhas mulheres: filhas, princesas, francesas, pequeninas, meus amores!
A vida seria sem graça sem você, MULHER: de filha a mãe, de inocente a sedutora, de namorada a amante; pela vida que geras e pela graça que dás ao prazer de te fazer feliz, no seu Dia e para todo o sempre!