Ultimamente tenho me ocupado em pensar
a realidade do trânsito urbano de veículos, por uma razão que interessa à
Filosofia: o trânsito é o âmbito próprio da pura linguagem de sinais; por
isso, a maior expressão da racionalidade urbana, ou seja, moderna.
É que, conforme reza o Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.053/1997), no seu Art. 29, inciso III, alínea b: “no caso de rotatória, aquele que estiver circulando por ela” tem a preferência. Isso segue um princípio geométrico simples: o círculo é a figura perfeita, pois não tem começo nem fim. Por isso também é mais democrático: nele, todos têm sua vez, desde que ninguém se aposse dele. Graças a isso é que mundialmente se tem preferido rotatórias a semáforos, pois elas seguem o bom senso, permitindo melhor fluidez do trânsito. Por que só em Mossoró tem que ser diferente? E pior: o diferente está errado, uma vez que causa maior transtorno.
Há algum tempo apresentei ao então
Prefeito Ricardo Coutinho uma proposta para o trânsito da cidade de João
Pessoa, que aos poucos vejo-a sendo implantada. Recentemente apresentei ao DNIT
de Mossoró-RN algumas reflexões sobre a Rotatória do Km 46 da BR 110 com a Av.
Leste-Oeste. Mas o argumento da autoridade descartou a autoridade do argumento.
Obs.: fila do lado sul da rotatória atrapalhando até quem não precisaria cruzá-la, saída da Leste-Oeste no sentido Centro-UFERSA |
É que, conforme reza o Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.053/1997), no seu Art. 29, inciso III, alínea b: “no caso de rotatória, aquele que estiver circulando por ela” tem a preferência. Isso segue um princípio geométrico simples: o círculo é a figura perfeita, pois não tem começo nem fim. Por isso também é mais democrático: nele, todos têm sua vez, desde que ninguém se aposse dele. Graças a isso é que mundialmente se tem preferido rotatórias a semáforos, pois elas seguem o bom senso, permitindo melhor fluidez do trânsito. Por que só em Mossoró tem que ser diferente? E pior: o diferente está errado, uma vez que causa maior transtorno.
Presumo que dar a preferência à BR 110
nesse trecho deva-se ao fato de ser pista de rodagem rápida e trânsito mais
intenso que o da Leste-Oeste. Entretanto, a rodagem rápida pode e deve ser
coibida em trecho urbano; como é o caso, no bairro popular e entre duas
universidades: a UFERSA e a UERN e no trajeto para o IFRN.
Quanto ao trânsito mais intenso,
contudo, ele não permanece todo na BR. Certamente, quase metade dele sai da BR
para a Leste-Oeste, em direção ao Centro ou à UERN. Do mesmo modo o que sai da
Leste-Oeste entra na BR, em direção a Areia Branca ou à UFERSA. Vale lembrar
que os nossos condutores de veículos motorizados não são educados para
sinalizar a direção que darão ao veículo. Valem-se apenas da lei do mais forte:
de carreta para ônibus, de ônibus para caminhonete, desta para carro, deste
para moto, e de moto para bicicleta ou pedestre, a quem falta respeito, inclusive, pela ausência de uma faixa para atravessar com segurança as quatro vias.
Então, basta observar o transtorno
quando vários carros vindos da UFERSA vão entrar para o Centro. Eles têm a
preferência na BR, mas não na rotatória. Daí decorrem filas atrapalhando os que
vão cruzá-la em direção a Areia Branca ou dos que vão da UERN ao Centro ou à
UFERSA. E isso piora quando tem carreta ou ônibus nessa fila, para ninguém mais
passar ou até causar acidente. Vale lembrar que tanto UERN quanto UFERSA
dispõem de vários ônibus de estudantes nos horários de pico universitário.
Obs.: fila tripla no lado norte estendendo-se até a BR e lado sul da rotatória: cobra engolindo o próprio rabo |
Além disso, acrescente-se mais carros,
caminhonetes, ônibus e carreta ou caminhão que trafeguem na BR (sentido Norte a
Leste), dos Pintos ou Areia Branca em direção à UERN. Eles também têm a
preferência da BR. No entanto, perdem-na ao entrarem na rotatória. Disso
derivando filas que bloqueiam as filas provindas do lado Sul a Oeste e
vice-versa (UFERSA ao Centro) parecendo cobra engolindo o próprio rabo.
Resultado: engarrafamento, estresse e prováveis acidentes, com
prejuízos incalculáveis. Isso porque nem existe pista alternativa.
Ora, por que não retirar as placas R-2
de DÊ A PREFERÊNCIA postas no centro da rotatória e transferi-las
para a confluência com a BR Sul (UFERSA) e com a BR Norte (Pintos)? Além disso,
seria necessário apenas que se acrescentem em cada entrada da BR na rotatória
os sinalizadores horizontais refletivos e em relevo (chamados tartaruga),
ou lombadas, assim como faixa de pedestres, educando-os à redução de
velocidade. Os acessos da Leste-Oeste à rotatória, contudo, devem permanecer
com a placa R-1 de PARE.
Obs.: trecho livre no norte da rotatória, porém atrapalhado pela fila do lado sul. |
Isso possibilitaria a democratização
do trânsito na rotatória, principalmente nos horários de pico universitários
(em torno das 7h, 10:30h, 13h, 17:30h, 19h e 22h). Permitirá, inclusive, que a
rotatória seja usada como retorno para quem sai do campus Leste da UFERSA e
quer dirigir-se ao lado Sul, sem atrapalhar o trânsito. Ou sai da UERN e quer
retornar para a ADUERN. Ou do Restaurante Tenda e quer dirigir-se a Areia
Branca. Do mesmo modo para quem vem do Centro e quer entrar na Repete, em cuja
direção há placa recomendando fazer a rotatória. Entretanto, até a Polícia tem
sido flagrada em ato de direção imprudente, para não ter que parar três vezes
em tão curto trecho: no final da Leste-Oeste para cruzar a BR; depois no
giradouro; e após girar a rotatória, para sair dela retornando à Repete.
Vale observar que as regras do
trânsito precisam não apenas obrigar o motorista, mas principalmente educá-lo a
fazer o correto, já que, infelizmente, as autoescolas apenas adestram para o
teste de aquisição da carteira. Pois, quem deve educar para a racionalidade do
trânsito se não for racional e democraticamente educado? A quem recorrer se a autoridade pública não dá o devido respeito à questão? Não caberia pressão da imprensa mossoroense a cumprir seu papel democrático de quarto
poder republicano? Seria necessário um abaixo-assinado pelos usuários do circuito, entre membros da UERN, UFERSA e IFRN? Quiçá, um projeto de pesquisa e extensão com alunos e
professores do Curso de Comunicação da UERN nos dê tal poder!
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