A última semana de outubro esteve para a eleição 2014 tal qual a quarta-feira de cinzas está para o carnaval: uma ressaca ou uma benzedura. Ressaca eleitoral de quem se recusa a ver a realidade. Ou uma benzedura de oferendas de quem temia a recaída de antigos carnavais. Parece que só na semana seguinte é que tudo deve se normalizar, como quem se restabelece de uma doença ou acorda de um pesadelo: com o alívio de ouvir outras músicas que não sejam do carnaval e discutir outros temas que não sejam da eleição.
Parece haver um muro mental ou temporal a ser transposto por todos que vivenciaram esse processo. O lamento dos perdedores teimou em perdurar por toda a semana, embora a comemoração dos vencedores não pareça tão perdurável quão pouco meritória.
No Rio Grande do Norte, por exemplo, a melhor expressão disso foi a postagem com a foto da capa do primeiro disco de Chico Buarque, legendada: Chico sorrindo (Henrique perdeu), alegria; Chico sério (Robinson ganhou), desânimo.
De certo modo isso também pode valer para a eleição na Paraíba e em tantos outros estados. Na Paraíba, pela alegria devida à derrota do tradicional candidato do PSDB, Cássio Cunha Lima, que nunca havia perdido eleição e representava bem a disputa em âmbito nacional, uma vez que ele já esteve no governo estadual por 7 anos, cassado no final do segundo mandato, e que visivelmente só cuidou do seu grupo político e afilhados da elite paraibana. Em debate, ele sequer conseguia explicar os investimentos do seu governo para a Educação, a Saúde e a Segurança Pública, que ele tanto criticava no governo atual, cujos índices superavam os do dele.
Não há como negar a glória e graça em derrotar as oligarquias tradicionais Cunha Lima (PB), com dezena de familiares no pleito, e Alves e Maia (RN) que se alternavam no poder. Aliás, vale registrar a estupidez do senador José Agripino Maia (Demo/RN), revoltado com a derrota do presidenciável Aécio Neves (PSDB) pelos nordestinos e vitorioso no Sul e Sudeste brasileiros, onde estaria, segundo ele, o Brasil moderno vencido pelo Brasil atrasado, para cujo atraso o próprio senador (1987-91; 1995-2018?) tem contribuído desde quando foi prefeito biônico de Natal (1979-82) e governador do RN (1983-6; 91-4). Que isso seja lembrado até a próxima eleição, para a devida resposta nas urnas.
Diante das críticas ao governo Dilma a postagem também pode se estender à eleição no âmbito nacional. Apesar do Chico Buarque dizer na campanha votar "na Dilma, pela Dilma", confesso que, a meu ver, ela não merecia ser reeleita. Pois, embora ela tenha ampliado as políticas sociais, pelo que fez a ONU tirar o Brasil do mapa da fome, ela não cumpriu o básico do seu perfil de administradora, que era fazer concluir as obras fundamentais iniciadas no governo Lula, cujo atraso demanda gastos e suspeita de corrupção.
Eu nem valido o argumento dos adversários quanto ao baixo crescimento econômico, pois o considero economicista. Ou seja, só veem números que interessam ao capital financeiro e desprezam o capital humano. Eles só veem acúmulo de riqueza e não a distribuição dela. Basta observar a contradição pragmática na revolta contra as conquistas sociais: em geral, esses críticos querem e podem sair do Brasil para viver no primeiro mundo, onde supostamente não há miséria, pois há educação e trabalho. Contraditoriamente, porém, não querem o Brasil dando essas condições aos brasileiros.
Qual o pressuposto do argumento economicista? É a crença liberal expressa na frase do presidente Costa e Silva: tornar o rico mais rico para assim ajudar os pobres. Historicamente, todavia, sabe-se que isso nunca funcionou: observe-se o governo neoliberal do Fernando Henrique Cardoso (PSDB/1995-2002), sociólogo, econometrista, cujos escritos sobre a realidade do Brasil ele próprio mandou esquecer (Sebastião C. Velasco e Cruz; 1999) tão logo assumiu o governo. Reveja-se o período do dito milagre brasileiro (1974) quando a economia cresceu, mas a pobreza se multiplicou.
No Rio Grande do Norte, por exemplo, a melhor expressão disso foi a postagem com a foto da capa do primeiro disco de Chico Buarque, legendada: Chico sorrindo (Henrique perdeu), alegria; Chico sério (Robinson ganhou), desânimo.
De certo modo isso também pode valer para a eleição na Paraíba e em tantos outros estados. Na Paraíba, pela alegria devida à derrota do tradicional candidato do PSDB, Cássio Cunha Lima, que nunca havia perdido eleição e representava bem a disputa em âmbito nacional, uma vez que ele já esteve no governo estadual por 7 anos, cassado no final do segundo mandato, e que visivelmente só cuidou do seu grupo político e afilhados da elite paraibana. Em debate, ele sequer conseguia explicar os investimentos do seu governo para a Educação, a Saúde e a Segurança Pública, que ele tanto criticava no governo atual, cujos índices superavam os do dele.
Não há como negar a glória e graça em derrotar as oligarquias tradicionais Cunha Lima (PB), com dezena de familiares no pleito, e Alves e Maia (RN) que se alternavam no poder. Aliás, vale registrar a estupidez do senador José Agripino Maia (Demo/RN), revoltado com a derrota do presidenciável Aécio Neves (PSDB) pelos nordestinos e vitorioso no Sul e Sudeste brasileiros, onde estaria, segundo ele, o Brasil moderno vencido pelo Brasil atrasado, para cujo atraso o próprio senador (1987-91; 1995-2018?) tem contribuído desde quando foi prefeito biônico de Natal (1979-82) e governador do RN (1983-6; 91-4). Que isso seja lembrado até a próxima eleição, para a devida resposta nas urnas.
Diante das críticas ao governo Dilma a postagem também pode se estender à eleição no âmbito nacional. Apesar do Chico Buarque dizer na campanha votar "na Dilma, pela Dilma", confesso que, a meu ver, ela não merecia ser reeleita. Pois, embora ela tenha ampliado as políticas sociais, pelo que fez a ONU tirar o Brasil do mapa da fome, ela não cumpriu o básico do seu perfil de administradora, que era fazer concluir as obras fundamentais iniciadas no governo Lula, cujo atraso demanda gastos e suspeita de corrupção.
Eu nem valido o argumento dos adversários quanto ao baixo crescimento econômico, pois o considero economicista. Ou seja, só veem números que interessam ao capital financeiro e desprezam o capital humano. Eles só veem acúmulo de riqueza e não a distribuição dela. Basta observar a contradição pragmática na revolta contra as conquistas sociais: em geral, esses críticos querem e podem sair do Brasil para viver no primeiro mundo, onde supostamente não há miséria, pois há educação e trabalho. Contraditoriamente, porém, não querem o Brasil dando essas condições aos brasileiros.
Qual o pressuposto do argumento economicista? É a crença liberal expressa na frase do presidente Costa e Silva: tornar o rico mais rico para assim ajudar os pobres. Historicamente, todavia, sabe-se que isso nunca funcionou: observe-se o governo neoliberal do Fernando Henrique Cardoso (PSDB/1995-2002), sociólogo, econometrista, cujos escritos sobre a realidade do Brasil ele próprio mandou esquecer (Sebastião C. Velasco e Cruz; 1999) tão logo assumiu o governo. Reveja-se o período do dito milagre brasileiro (1974) quando a economia cresceu, mas a pobreza se multiplicou.

Por essas e outras é que a alegria deveu-se mais à derrota do retrocesso do que à vitória do sucesso. Contudo, espero ainda o alívio de ouvir uma nova música que não lembre o carnaval da eleição, mas que nos mantenha atentos à luta para que as melhorias para o Povo brasileiro não sejam apenas promessas de um sonho que pode se tornar um pesadelo nas próximas eleições.