quinta-feira, 5 de maio de 2011

Diagnóstico do Medo

A médica era homeopata. Interessada em aplicar na medicina uma visão holística. Então, para não se deter apenas no sintoma, efeito ou fenômeno, ela provocou seu paciente: "Fale-me dos seus medos! Do que você tem medo?"
E ele lhe respondeu: "...De médico e policial."
"De médico? Por quê?" No seu espanto, a sua pergunta denotou o preconceito: é normal ter medo de polícia. Mas, de médico?!
Porque ambos, médico ou policial, - disse ele - podem ter minha vida em suas mãos. 
Um erro médico pode me tirar a vida, minha ou de um ente querido, ou causar danos irreversíveis, e nem ser denunciado, graças ao corporativismo da sua ética profissional. E o policial, por erro ou má intenção, pode transformar em bandido um cidadão pacato. Ambos valendo-se da autoridade lhes concedida: pelo suposto saber e pela lei. Paradoxalmente, um com o dever de salvar vidas e o outro, de protegê-las. Ambos com o poder de cometer injustiça. 
E ela sintetizou: Então, você tem medo de injustiça.
É certo - respondeu. Pois, a quem caberia reparar injustiças? O advogado. 
Mas, como confiar nele, se ele também se vale apenas da  autoridade lhe concedida? Ora, como reparar injustiças, sem o senso de justiça? Haverá nesse profissional tal valor, além do visado dinheiro e almejada fama? Sem o valor da justiça vivenciado em família e apreendido desde a infância, não está em seu ofício o maior poder de cometer injustiças?
Retumbante, ela diagnosticou: Seu mal é grave. E está se alastrando por toda a sociedade...


Um comentário:

Sabrina lorena disse...

Através da leitura pude perceber que o medo provém de uma ação em cadeia. é como se fossemos um edifício contruído de virtudes, vicios, fraquezas econquistas, onde em cada uma dessas categorias, caberia inúmeros atributos. A ausência de algum atrubuto, ou a deficiência de um deles tende a comprometer todo o edifício ou deixar pelo menos uma parte sua abalada por tempos.