quarta-feira, 4 de maio de 2011

Poder de Sedução

(ou Acalanto de Sofia)

Queria eu ter o poder de sedução no olhar:
Desfechando raios de visão
A quem me apetece
instigando-lhe os desejos de prazer
Que eu quisesse
Queria eu ter o poder de sedução
Na minha pele, em minhas mãos
Na epiderme dos meus dedos
Para que eu tocasse com meus desejos
O alvo do meu olhar mal sucedido
E lhe despertasse em paixões
Como as que sinto
Não como quem acorda de um sono maldito
Mas como quem se entrega a um encanto
Pois o encantado é sempre mais bonito!
E assim eu te tocaria a pele carinhosamente
E eu te afagaria o corpo
E te faria minha em meus braços
Como em minha mente
Deleitosamente
Como quem semi-adormece, absorta, em plena dança
Embalada pela melodia divinal que alcança o que eu quis
Amparada, aconchegada em meu abraço

Então tu me farias um deus
Pelo poder me concedido
De te fazer feliz
E, como tal, eu eternizaria o instante
Assim, o antes permaneceria agora
Como jamais perdido nem como sonho de outrora
Mas eu não posso
Então desperto, desencantado
Não me foi dado tal poder de sedução
Nem no olhar, sob essa visão mediata
Da qual escapa o teu miúdo e fúlgido olhar
Quando eu, mudo, quedo-me a escutar-te
Se não me queres escutar
Nem na minha epiderme grosseira, frente à tua tez
Com a maciez da espuma
Que meus dedos não ousam tocar
Sem tal poder, restam-me as palavras
Que me levam ao átimo fugaz do ser
Capaz de, se não te seduzir
Pelo menos fazer-te saber
Dessa paixão que eu te faria tão bem sentir
Apelo às palavras, minhas confessionárias
Pois se não me ouves tu o que te quero dizer
Digo a mim mesmo em poesia
Do prazer que, sem te ter, espero
Quando puder me despedir sem pranto
Pois se não posso ter-te minha
Meu é o poder de te dizer "te quero"
Mesmo que seja em acalanto:
Ai, como eu te quero, Sofia!
                             

Nenhum comentário: