Eu sou UERN desde 1988, graças à luta histórica de docentes e discentes da então URRN – Universidade Regional do RN. Luta que
envolveu diversos representantes da região Oeste potiguar: desde a Igreja –
católicos e evangélicos –, até da Maçonaria, de Sindicatos e do empresariado,
através do CDL. Luta social que sensibilizou o intelecto do então governador
Radir Pereira (14/05/1986-15/03/1987, outrora vice-governador, substituindo
José Agripino/1983-86).
É fato que desde o seu nascimento (28/09/1968) a UERN
cresceu e apareceu: em números, em extensão, em patrimônio físico e pessoal.
Mas, será que ela amadureceu nos últimos 30 anos?
Em fevereiro de 1987 eu colei grau na UFRN, como Licenciado em Filosofia, com a pesquisa
sobre A Noção de Deus em Spinoza.
Então desempregado e com esposa grávida, prestei concurso para Eletricista da
Cosern. Aprovado e diplomado como Eletricista, fui designado para trabalhar em
Tibau. Em junho de 1988, sob os auspícios de Mossoró, fui aprovado no segundo
concurso para Professor de Filosofia da UERN.
Sob contrato de apenas 20h na jovem UERN, cujo salário
de Professor Auxiliar não correspondia à metade do de Eletricista, precisei
manter-me na Cosern até 1994, quando me emancipei no primeiro Plano de Demissão
Voluntária da privatização da Energia do RN. Com o projeto de pesquisa sobre a Dimensão Ética da Política em Aristóteles,
conquistei a minha Dedicação Exclusiva na UERN. Com ela e a partir dele
lancei-me ao Mestrado, na UFPB, resultando na dissertação sobre as Implicações Éticas do Conceito de Animal
Político em Aristóteles.
Até 2005 lecionando Filosofia em todos os cursos do
Campus de Mossoró ajudei a formar centenas de jovens que não tinham condição de
estudar na capital. Fui conselheiro da Revista
Expressão (UERN) e da Revista
Contexto (FAFIC), da qual também fui cofundador. Publiquei vários artigos
em revistas e em eventos de Filosofia e na minha página institucional. Coordenei
o projeto de extensão Vídeo-Debate e
criei o grupo Amantes de Sophia,
projeto pelo qual estendemos o amor pelo saber para além da academia e até em
cidades vizinhas. Também coordenei duas edições do Curso de Especialização em Filosofia: em Epistemologia, destinado a colegas de outros departamentos das
diversas faculdades da UERN; e em Ética e
Filosofia Política, para professores da rede pública e demais interessados.
Em 2000 assumi a chefia do DFI e ajudei a criar o Curso
de Filosofia em Caicó e em Mossoró, em 2001. Em 2003 coordenei o nosso Curso e
a Oficina do Pensamento, na Semana
Nacional do Livro, do SESC, com a turma de Antropologia Filosófica. Testei-me
no Concurso Público para Professor da UEPB, em Campina Grande-PB, no qual fui aprovado
em primeiro lugar. Assinei contrato e preparei as primeiras aulas, mas fui
demovido pelo DFI, que me concedeu a preferência à liberação para o
doutoramento. Em 2005 fui Assessor da PRORHAE.
Em 2006, com o projeto de pesquisa sobre A Linguagem das Paixões em Aristóteles
ingressei na primeira turma do insterinstitucional Doutorado em Filosofia
(UFPB-UFPE-UFRN). Por conflito com a perspectiva do tradutor português de
Platão, o meu orientador Gabriel Trindade (UFPB), dediquei este primeiro ano a
elaborar novo projeto, agora sobre O Nous
Poietikos em Aristóteles. Com apenas 2 anos de pesquisa neste novo projeto o
DFI recusou-me a prorrogação do prazo, por cujo retorno a aulas resultou no
distanciamento e na dispensa pelo orientador. Assumido por novo orientador
(Erickson Glenn-UFRN) a pesquisa foi qualificada com 5 capítulos, faltando
apenas Introdução e Conclusão, porém, derrogado o prazo.
Desde então assumi a Supervisão de Estágio III e IV do nosso
curso e tenho pesquisado sobre As
Condições do Ensino de Filosofia em Mossoró, atividade pela qual se vislumbrou
comemorar os 10 anos do Curso de Filosofia em Mossoró e sua autoavaliação.
Criei e aprovei no ProExt-MEC, como Programa de
Extensão, a proposta ECOPRÁXIS: pegada
ecológica do ambiente acadêmico para a cidade, com a qual pretendo promover
interdisciplinarmente ensino, pesquisa e extensão em sustentabilidade hídrica ecológica.
Atualmente sou Vice-diretor da FAFIC, além de coordenar
o NDE de Filosofia e os estágios das licenciaturas em Geografia, História e
Sociologia, objetivando promover a interação entre a UERN e a Educação Básica,
no cumprimento da nossa função social de formadores de profissionais de nível
superior. Também coordeno o PIBID em Filosofia e, para espairecer com reflexão
e poesia, mantenho um blog com escritos extra acadêmicos.
Considerando que a grande maioria dos nossos egressos
está na Rede Pública de Ensino, como o Estado teria profissionalizado tantos
professores do Ensino Básico, sem a interiorização da UERN?
Cerca de 93% dos Professores municipais de Mossoró são oriundos
da nossa Instituição de Ensino Superior, assim como em Assu, Patu e Pau dos
Ferros. Outros tantos estão em repartições públicas no interior do Estado.
Outros se tornaram profissionais liberais: advogados, médicos, odontólogos,
cientistas da computação, contadores, administradores do próprio negócio...
todos contribuindo para a movimentação da economia local.
Alguns foram desbravar o Serviço Público em outros
estados do Norte: Assistentes Sociais, Enfermeiros, Pedagogos, Cientistas
Sociais etc. Outros até já fazem parte da elite do Serviço Público no Nordeste:
alguns juízes, promotores e até reitor da Universidade Estadual de Alagoas. Em
que situação estaria o RN se não existisse a UERN cumprindo esse papel
fundamental de formadora de profissionais no interior do Estado?
Por que ainda precisamos defendê-la em audiência
pública na Assembleia Legislativa do Estado, contra um insano alarde de
privatização? Por que o governo de um Estado pobre como o RN cria Curso de
Gestão Pública fora da sua Universidade? Por que a Escola de Governo não está
dentro da própria Universidade estadual? Não teríamos competência para isso? O
que esta elite governante entende por Educação, Universidade e desenvolvimento
sustentável? Como a UERN pode contribuir para mudar essa mentalidade?
Apesar dos funestos interesses da elite política
retrógrada do nosso Estado, não seria interessante se pensar a nossa
Universidade – não como mera repartição pública encarregada do ensino
universitário, mas, por ser formadora de profissionais de nível superior – como
uma IES cujo papel deve consistir em pensar e repensar para mudar a nossa
realidade e refleti-la na sociedade? Como transformar a realidade externa à
nossa comunidade, se apenas a reproduzirmos?
Precisamos mudar em nós mesmos o modo de ver e de atuar
na melhoria das nossas relações e da nossa produção, para que a nossa mudança
possa promover a transformação da realidade pelo menos do município de cada
campus. Então a estenderemos à região circunvizinha e, por conseguinte, ao nosso
Estado.
Por que não nos darmos a missão precípua, como universidade
estadual, de servir como modelo de gestão do Serviço Público? Como agentes públicos
produtores ou transmissores de conhecimento científico podemos e devemos
promover o Serviço Público com excelência, em resposta às críticas pertinentes
a toda prestação de serviço; em nosso caso: servir à sociedade potiguar,
mediante a produção e democratização do conhecimento, pelo qual se gere riqueza
social, fortalecendo e remodelando a identidade cultural local sob a
universalidade dos pressupostos humanistas.
E do que precisamos para tanto? De pessoas que, de
fato, pensam e lutam por uma UERN diferente dessa adolescente balzaquiana (30
anos de estadualização em 08/01/2017). Pessoas que vislumbrem uma Universidade
madura, autônoma na gestão financeira e politicamente democrática; capaz de
decidir e gerir seus rumos entre os seus pares: Professores, Técnicos e
Estudantes; aberta à sociedade para pensar seus problemas e antecipar-se com as
soluções. Pessoas que não se sintam elite pelo título universitário nem pelo
salário; mas que se tornem tal pelo reconhecimento da sociedade à contribuição
pelo seu serviço prestado. Eis o patrimônio imaterial que a UERN tem construído
e precisa amadurecer para o desenvolvimento social da região e do Estado.
Precisamos de uma mentalidade nova, mas com bastante
experiência sobre a adolescente UERN: pessoas com visão histórica e crítica
sobre a realidade local, com coragem e vontade de construir agora o novo futuro
da nossa Universidade. Capazes de pensar e implementar ações que congreguem a
comunidade universitária em torno do seu fim último: prover conhecimento a serviço da sociedade potiguar. Isto exige
desprendimento de privilégios vãos; esforço coletivo, maturidade e
responsabilidade com a coisa [res]
pública, para gerir o patrimônio público em vista do desenvolvimento
social.
Está provado que isto não se faz por conveniência ou
apadrinhamento político partidário, como bem disse o reitor na última
assembleia universitária. É necessário maturidade para emancipar-se.
Emancipação é uma conquista de quem busca a liberdade; é a responsável pela
saída da adolescência para a maturidade. Sem a autonomia de gestão financeira a UERN continuará a
mercê de interesses esconsos.
Somente a autonomia financeira da nossa Universidade,
sob uma gestão democrática e transparente, pode nos dar a todos – professores, técnicos,
estudantes e sociedade – a dignidade e a valorização que a comunidade uerniana
merece.
Por isso aceitei dispor o meu nome para unificar o grupo
de pessoas que tem lutado para inovar a UERN em torno da ampliação de um
projeto coletivo, pelo qual concorremos ao cargo de Vice-reitor nesta eleição,
endossando a experiência de luta da Profª. Drª. Telma Gurgel ao cargo de Reitora, com coragem pra defender a UERN.
5 comentários:
Que linda história de lutas, vitórias e conquistas parabéns tio William o senhor seria a melhor pessoa para esse cargo com certeza pois sua determinação é e sempre foi muito plausível e encorajadora!! O senhor merece.boa sorte!!!
Que linda história de lutas, vitórias e conquistas parabéns tio William o senhor seria a melhor pessoa para esse cargo com certeza pois sua determinação é e sempre foi muito plausível e encorajadora!! O senhor merece.boa sorte!!!
Parabéns meu irmão! Pela coragem de lutar pela melhoria de todos. Por ser uma pessoa íntegra e preocupada com o avanço da sociedade.
Boa sorte nessa nova empreitada.
Parabéns à UERN pelos seus 49 anos de existência!
Mas de quem é o mérito, se não das pessoas que mais lhe deram de si do que lhe tiraram? Então, parabéns a quem contribuiu com o seu trabalho e com as suas ideias nessa luta de identificação e reconhecimento da nossa instituição de ensino superior como patrimônio do Serviço Público do nosso RN na construção do saber para o desenvolvimento da nossa sociedade!
Parabéns e MUITA FELIZ IDADE! Que a nossa consciência sobre o produto social do nosso trabalho nos una para além dos privilégios e retrocessos de profissionais com salários defasados e atrasados por quem não respeita a nossa profissão de Servidor Público.
Grato, minha caríssima sobrinha! Pena que, sem identificação, não sei qual delas é você!
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