terça-feira, 2 de novembro de 2010

Das Dores de Maria

Chega a morte
Vai-se um bem:
O ânimo de um ente querido
E em ritual
Os animais humanos
Despedem-se de um corpo rijo, sem ânimo
E os ânimos em desânimo dizem amém!
Amém! Assim seja
O fim das dores de Maria
Que as suportou sem manha
Mãe nossa de cada dia!
Dá-nos hoje o consolo
Em alegria sã
Pelo reconhecimento do seu espírito sereno
Fortaleza de seu corpo frágil
Áurea que resistiu ao fardo, ao tempo
Sob uma maldição de batismo
Sem da morte maldizer
 Mãe nossa de cada dia!
Dá-nos hoje a lição de admirar
Humilde sabedoria
Que só em farto coração
Suportaria o caminhar
Marcando passo em agonia
Pressentindo a morte
No compasso
De um enfartado coração
E à dor aberta da ignorância
Que fique a auréola ainda
Da divina instância
Que faz da alma essência:
O amor!
Porque
Aos mortos vão as flores
E aos vivos, a lição da lide
Antes que a morte chegue
E em desânimo regue as dores
De quem à sorte ocupa a vida
Preocupado com a morte
Então
Anima-nos, Amor!
Animai-vos vós animais
Que se amam:
Pai, filhos e irmãos!
Pois, os corpos vão
E os amores ficam
Em ânimo são
Dizendo: AMEM!
Amém!

2 comentários:

ahmina disse...

Eu adoro esse poema...
Lembro dela, tenho saudades.

=*

Will Coelho disse...

...Eu também! E, pela saudade, substituo pelo poema a homenagem em flores a ela e a todos os entes queridos que já se foram de tantos outros.